Flavia Bernardes
Um ano após a crise econômica mundial de 2009, a ArcelorMittal conseguiu aumentar em 20% o seu faturamento. Os números da receita operacional líquida do ano passado bateram a marca de R$ 16,9 bilhões, referentes à comercialização de 10,6 milhões de toneladas de aços longos e planos, uma alta de 12,2%, como informou o jornal Valor Econômico dessa quinta-feira (31). A empresa que se recusa a adotar tecnologias para minimizar seus impactos no Espírito Santo afirmou, ao mesmo jornal, que o lucro só não foi maior devido ao aumento freqüente dos preços do minério de ferro e do carvão mineral.
No ano passado, a Associação Européia da Indústria Siderúrgica (Eurofer) chegou a cobrar atenção às atividades da Vale, devido à sua postura dominante do mercado. Na ocasião, a Eurofer, cujos membros incluem ArcelorMittal e ThyssenKrupp, acusou a Vale de abusar do seu domínio de mercado.
Para o meio ambiente, o monopólio da Vale também não é um bom negócio. Só no Espírito Santo, ela mantém sete usinas em operação e constrói sua 8ª planta em ritmo acelerado. A transnacional também quer construir a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), em Anchieta (sul do Estado), onde os níveis de poluição permitidos por lei já atingiram o limite tolerável e não há capacidade hídrica para atender a projetos deste porte. Situação que resulta da operação da Samarco Mineração S/A no balneário turístico. A CSU já foi licenciada pelo órgão ambiental, porém, enfrenta forte resistência da sociedade civil organizada.
Nesse contexto, a ArcelorMittal não fica atrás. Em plena expansão de seus negócios no Estado, a siderúrgica irá lançar ainda mais poluentes no ar da Grande Vitória e, apesar dos lucros, sequer cogita a instalação das telas Wind Fences, cobrada há anos pela sociedade e Ministério Público Estadual (MPES), para que seja contida a poluição gerada em suas indústrias.
Para justificar sua negativa, a empresa se vale de inúmeros argumentos, como o cinturão verde que possui em parte do entorno de sua planta, que diz ser suficiente para conter a poluição de minério de ferro e carvão mineral manipulados na siderúrgica. Dos 16 pontos cobrados pelo MPES para minimizar o impacto da siderúrgica no Estado, ela contrapropôs 15 e negou um, referente à diminuição de suas emissões.
A siderúrgica responde à Ação Civil Pública impetrada pelo MPES, pela acusação de racismo ambiental, por não implantar, no Estado, a mesma tecnologia utilizada em sua planta na Europa, para minimizar seus impactos. Os documentos relativos à investigação do MPES sobre a ArcelorMittal, serão enviados ao Parlamento Europeu, conforme afirmou o promotor de Justiça, Gustavo Sena.
Ao todo, são despejados no ar da Grande Vitória, dia e noite, 96.360 toneladas de poluentes pela Vale, ArcelorMittal e Belgo Arcelor, prejudicando o meio ambiente e a população. Ao todo, são 59 os tipos de gases lançados, sendo 28 altamente nocivos à saúde, sem contar os poluentes particulados, inclusive com micropartículas, como as PM-2. Com as expansões já anunciadas, esses números crescerão consideravelmente.
Os poluentes emitidos pelas poluidoras provocam as mais diferentes doenças aos moradores da Grande Vitória. Entre elas, vários tipos de câncer, doenças alérgicas e respiratórias. Provocam ainda queda de imunidade.
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